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POSTADO EM 09 jan 2017 · Administração

Entrevista com Prefeito Gil Tavares no Jornal Opção

Foi realizada uma entrevista ao Jornal Opção com o Prefeito Gil Tavares, falando sobre o que e como pretendemos fazer para resgatar a auto estima do povo neropolino e alavancar o desenvolvimento da nossa querida cidade.

Confira a entrevista abaixo:

Em 2012, Gil Tavares, então no PTB, perdeu sua reeleição à prefeitura de Nerópolis para Fabiano da Saneago (PSDB). Quatro anos depois, ele deu o troco: agora pelo PRB, foi eleito em disputa com o mesmo rival do pleito anterior e vai gerir novamente a cidade a partir de janeiro. Assim como o atual prefeito, Gil também é aliado do governador Marconi Perillo (PSDB), que, segundo o prefeito eleito, mostrou-se bem “republicano” em relação às eleições na cidade.

Entre seus projetos está a priorização da segurança, um problema “seriíssimo”. “Nerópolis está, atualmente, entre as cidades mais violentas do Brasil”, vaticina. E isso depois de deixar uma cidade onde se podia “dormir de portas abertas”, como ele diz. Outra questão que será prioridade em sua gestão é a habitação. “Fomos considerados recordistas no Brasil como o município do País que proporcionalmente mais construiu casas”, afirma. Ele conta que, na época em que administrou Nerópolis, construiu 690 casas, o que corresponderia então a 10% do total de habitações do município.

Nesta entrevista, Gil Tavares detalha como pretende recuperar Nerópolis, trabalhando principalmente sobre quatro pontos: saúde, segurança, transporte e geração de empregos.

Euler de França Belém – O sr. foi prefeito de Nerópolis, quando foi muito bem avaliado, mas perdeu a reeleição, talvez porque as pessoas quisessem renovar. Agora, o sr. ganhou de novo. A que atribui essa vitória?

Ao sentimento dos eleitores sobre o trabalho que fizemos na gestão anterior. Lembro-me de que na campanha, em muitas casas, as pessoas me diziam “Gil, pelo amor de Deus, ganha a eleição e volta para cuidar da gente de novo”. Entendo que esse cuidar é fazer o essencial, que compete ao administrador público. O gestor tem de investir certo o dinheiro da saúde, por exemplo, e a maioria dos neropolinos sentia que havia ausência na área da saúde. E isso também na segurança, um problema seriíssimo que Nerópolis atravessa, sendo que em nossa gestão tivemos a cidade mais segura do Brasil.

Euler de França Belém – E por que havia esse atestado positivo em relação à segurança em Nerópolis?

Nós criamos o monitoramento de toda a cidade. Fomos pioneiros nas câmaras de monitoramento. Fizemos uma central na Polícia Militar e implantamos o banco de horas. Na época, ganhamos três motos para o Giro [Grupo de Intervenção Rápida e Ostensiva] e duas viaturas para o GPT [Grupo de Policiamento Tático] que circulavam na cidade constantemente. As entradas e saídas da cidade eram monitoradas. Quem entrava e não saía da cidade em meia hora era abordado. O serviço queria saber o que essa pessoa estava fazendo na cidade. Para gente de bem não tinha problema; mas malandro via logo que Nerópolis não era lugar para ele ficar. Com isso demos segurança à cidade e as pessoas podiam dormir com as portas abertas.

Euler de França Belém – Na atual gestão esse monitoramento foi reduzido?

Foi tudo reduzido. Em relação ao banco de horas, por exemplo, temos apenas uma viatura e dois policiais. É quase impossível trabalhar com esse efetivo numa cidade daquele porte. E as câmaras necessitam de manutenção, o que não tem sido feito. Esse equipamento está com quase sete anos e normalmente vai perdendo sua vida útil, então ou tem de haver manutenção ou sua troca. Nesta nossa próxima gestão vamos fazer isso.

Cezar Santos – O sr. pode detalhar como pretende refazer esse sistema de monitoramento que foi desmobilizado na cidade?

Quando iniciamos esse projeto, ele era mais difícil, pois tínhamos de fazer tudo. Hoje é mais simples. Eles trocaram as câmeras que existiam, do modelo “speed dome” e com alcance de um quilômetro, por câmeras fixas, cujo alcance é de dez metros. Ora, enganar o criminoso é impossível. As câmeras que ficavam a sete metros de altura foram abaixadas para três metros. Isso tudo foi feito para facilitar a manutenção. Então, nós deixamos a estrutura e, agora, vamos recuperar o sistema. Vamos novamente licitar um serviço de manutenção e comprar novas câmeras. Dessa vez, vamos monitorar, inclusive, a zona rural.

Cezar Santos – Com a deterioração do sistema de monitoramento, houve mesmo um aumento na criminalidade?

Sem dúvida. Nerópolis está, atualmente, entre as cidades mais violentas do Brasil. Goianira e Nerópolis, segundo as estatísticas que vimos, são as cidades mais violentas de Goiás. A partir de janeiro vamos resolver isso. Por isso, vamos colocar novas câmeras, inclusive mais modernas, com infravermelho e melhor resolução do que as que tínhamos antigamente. Já estamos providenciando isso. Vamos também, novamente, fazer os bancos de hora.

Cezar Santos – Qual será a solução?

Vamos colocar novas câmeras, inclusive mais modernas, com infravermelho e melhor resolução do que as que tínhamos antigamente. Já estamos providenciando isso. Vamos, novamente, fazer os bancos de hora, trazer a Polícia Militar para o rodízio constante dentro da cidade.

Hoje parece que tem guarda de trânsito municipal, algo que nós temos que averiguar, porque não é simplesmente fazer concurso de guarda de trânsito sem conhecimento nenhum. Fizeram para três pessoas que não têm conhecimento do que é ser um guarda de trânsito municipal.

A pessoa tem que ter preparo, treinamento, tem que ter conhecimento do que está fazendo. Isso não vai nos ajudar em nada. Vai até trazer transtorno.

Marcos Nunes Carreiro – O sr. sabe qual é gasto da prefeitura hoje com segurança pública?

Hoje eu não sei. Na nossa época nós gastávamos mais ou menos R$ 80 mil.

Marcos Nunes Carreiro – Com as mudanças que o sr. pretende fazer, a previsão é de gastar quanto?

Acredito que com os mesmos R$ 80 mil vamos dar conta de fazer o que tem de ser feito.

Euler de França Belém – Na área de saúde, a tendência das cidades próximas à capital é transferir os pacientes para Goiânia. Mas a urgência das pessoas, mesmo que estejam a 20 quilômetros, um pouco mais, por exemplo, é de atendimento na própria cidade. Um infarto, por exemplo, pode ser fatal nesse tempo de transporte. Como está a saúde em Nerópolis e o que o sr. pretende fazer para melhorar?

A saúde em Nerópolis está precária e eu não acreditava que isso fosse acontecer lá. Um dos motivos que me fizeram entrar na política foi que eu passava em frente à Santa Casa e via as pessoas na calçada, debaixo de chuva, esperando atendimento às 8 horas da manhã. Em minha gestão, fizemos quase mil cirurgias de catarata e todos os encaminhamentos de tinham de ser feitos. Dentro do município temos uma estrutura muito boa para o setor e cuidamos principalmente da saúde básica, a prevenção. Com a prevenção se evita um custo muito maior depois, com exames e encaminhamento ao especialista pa­ra o tratamento adequado. Essa pre­venção não está ocorrendo atualmente. Na eleição passada, ficamos sabendo que havia pa­cientes que dormiam no posto de saú­de para ser atendidos no dia se­guinte às 5 horas da tarde. É uma vergonha, um absurdo! (enfático) Entrei na política exatamente para não ver isso que, infelizmente, voltou a acontecer em Nerópolis.

Euler de França Belém – O que exatamente o sr. vai fazer na cidade para a saúde?

O sistema de saúde é muito bom em Nerópolis. Temos um hospital com diversos leitos de UTI e uma clínica de imagens. Esse hospital é particular, mas tem convênio com a prefeitura, então temos condições de ofertar todo o atendimento. Em minha gestão, criamos o centro de especialidades com 12 médicos, que não existe mais. Podemos voltar com isso e usar melhor o hospital local, que tem toda a estrutura para fazer um atendimento muito bom. Mas, para isso, é preciso investir bem o dinheiro da saúde.

Euler de França Belém – O governador Marconi Perillo (PSDB) tem se reunido com os prefeitos eleitos, para ouvir deles as demandas. O que o sr. pediu a ele?

Ele me perguntou quais seriam as prioridades do município. Sabemos, até pela experiência administrativa, que ele não tem como atender todas as nossas necessidades, então pedimos que ele disponibilize o Estado para nos ajudar onde for mais viável. Falei que precisamos do anel viário, para desafogar o trânsito do centro da cidade. Estamos com o projeto parado na Agetop [A­gên­cia Goiana de Transportes e O­­bras] e precisamos municipalizar o trecho urbano da GO-080 para podermos modernizar o centro da cidade. Falei a ele que precisamos também de apoio para agilizar nosso sistema de segurança, não em termos de apoio financeiro, mas no efetivo de policiais militares. O governador nos informou que haverá um concurso público e assim poderá nos ajudar. Enquanto isso, vamos aumentar o banco de horas. Na área de pavimentação, ele também vai nos ajudar, porque as ruas estão muito esburacadas e, com o período chuvoso, então, está um caos. Mas sei que o restante temos de fazer com as verbas da prefeitura mesmo. Temos de adequar a máquinas municipal às condições atuais financeiras atuais.

Cezar Santos – Há obras federais paradas em Nerópolis?

São duas obras paradas. A de um Cmei [centro municipal de educação infantil] que começou em nossa gestão e que o atual prefeito não conseguiu terminar em quatro anos, e está com problema sério junto ao FNDE [Fundo Nacional de Desenvol­vimento da Educação]. E tem uma escola modelo, obra de R$ 3,6 milhões, também paralisada e igualmente com problema no FNDE. Assim que assumirmos, vamos procurar resolver esses problemas.

Cezar Santos – Pergunto porque o senador Wilder Morais (PP) é o relator da Comissão Especial das Obras Inacabadas e ele tem conversado com deputados e prefeitos sobre essa questão, a fim de ajudar a desemperrar 1,6 mil projetos não concluídos em 1,5 mil municípios.

Mas essas obras não estão paradas por falta de recurso federal, mas sim por incompetência da atual administração.

Elder Dias – Há novos loteamentos em Nerópolis, quase na divisa com Goiânia. Quando se abre um novo loteamento, é preciso levar serviços e equipamentos, e isso onera muito os cofres públicos. A cidade não pode crescer dentro da mancha urbana? Como o sr. vai trabalhar a questão da expansão urbana?

Esse é um grande problema que nós temos e estamos discutindo isso com a promotoria pública. Na gestão atual, colocaram 200 alqueires como expansão urbana e estão liberando mais de 3 mil lotes – o que, na verdade, são 3 mil problemas. Em Nerópolis há mais de mil lotes vagos e não podemos aceitar esse crescimento desorganizado. E tem outra questão, tem a área de expansão descontínua, um problema seriíssimo para a coleta de lixo. Cada bairro desses que estão abrindo, se construírem duas ou três casas, a prefeitura terá de fazer recolhimento do lixo, iluminação pública, manutenção, roçagem, tudo que afeta na segurança e em outros aspectos. Não admitimos o crescimento desorganizado. Já estive na Saneago, olhando isso, e vou me reunir com a promotora da cidade, porque em nossa gestão não admitiremos. O loteamento citado na divisa com Goiânia foi feito na gestão anterior à minha, porque na minha não houve nenhum loteamento.

Elder Dias – O sr. avalia o que é realmente prejuízo aos cofres municipais cada um desses loteamentos?

O crescimento desordenado é prejuízo para a municipalidade e para a sociedade de modo geral. O recurso tirado para aplicar lá faz falta em serviços para os cidadãos.

Marco Nunes Carreiro – E isso afeta tam­bém o transporte público. Esse é um problema também em Neró­polis?

Sim, um dos problemas mais sé­rios que temos hoje. Saúde, segurança, transporte e geração de empregos são os maiores problemas em Ne­ró­polis. Temos de trabalhar nessas quatro linhas. A educação nossa hoje po­de melhorar, mas já temos uma base muito boa. Os profissionais de educação são excelentes e falta pouco para que consigamos êxito total na área.

Marco Nunes Carreiro – Quem faz o serviço de transporte público em Nerópolis?

Hoje é a CMTC (Companhia Metropolitana de Transportes Co­letivos), o que tem sido problemático. Vamos sentar e realinhar isso, porque o transporte do município tem de ser responsabilidade do município. Hoje a CMTC faz o transporte do jeito que quer. E Nerópolis é uma cidade diferente, pois tem vida própria e gera emprego, tem diversas empresas e indústrias. Então, as pessoas não têm de trabalhar apenas em Goiânia. A CMTC faz apenas uma linha na cidade e por ela passam ônibus de três em três horas, o que está afetando, também, o comércio local.

Euler de França Belém – Por quê?

A pessoa paga R$ 3,70 para entrar no ônibus, às vezes, para andar um quilômetro e meio para comprar no comércio local. Assim, ela prefere vir direto para Goiânia, o que centraliza o comércio na capital, pois o valor da passagem é o mesmo.

Elder Dias – Nerópolis não tem um transporte urbano municipal?

Antes havia, mas clandestino, o “amarelinho”. Em nossa gestão, fizemos um projeto grande, em reuniões com o Ministério Público e a CMTC, para fazer um terminal na cidade e colocarmos linhas alimentadoras. Isso iria melhorar as condições de quem trabalha em Goiânia.

Cezar Santos – Nerópolis tem um perfil econômico já traçado?

Sim. A cidade tem um perfil econômico voltado para a área de indústrias do ramo alimentício. Quase todo o alho do Brasil, por exemplo, é distribuído a partir de Nerópolis. A empresa Mattos [Comercial de Alhos e Condimentos Mattos Ltda.] planta na Argentina e distribui, por Ne­ró­po­lis, para o País inteiro, além de tam­bém importar da China. Esse alho, normalmente, vai para as casas, on­de as pessoas o beneficiam em caixinhas que são distribuídas nos supermercados e mercearias. Além disso, temos também a Kraft-Heinz – a antiga Quero –, que gera 2,1 mil em­pregos diretos e cerca de 5 mil indiretos.

Euler de França Belém – E as indústrias de doce?

É forte. Temos diversas indústrias de doce, que representam muito para nós e que levam o nome de Nerópolis muito além, como o alho. De fato, o doce é uma força muito grande, temos diversas indústrias do ramo.

Marcos Nunes Carreiro – Em sua gestão anterior, a prefeitura chegou a desapropriar 28 alqueires para que fosse construído o polo industrial, que acabou não sendo feito. O sr. pretende retomar o projeto?

Esse é um compromisso de campanha e já estamos procurando empresas. Na gestão anterior, deixamos muitas empresas cadastradas e, infelizmente, não levaram esse projeto adiante. Nosso principal objetivo em geração de empregos é focar na construção do polo. Em breve, teremos boas notícias. Já há empresas do Chile e do México, essa última ligada à Kraft-Heinz, que poderão colocar suas empresas na cidade, pois elas têm até 2018 para fazer parte do mercado brasileiro, então nós temos essa opção. A Kraft-Heinz é a segunda maior do mundo em seu ramo, atrás apenas de uma empresa russa.

Marcos Nunes Carreiro – O polo terá a­penas empresas do ramo alimentício?

Há a possibilidade de diversificarmos. Inclusive, estamos pensando também na área de confecção, que gera mais emprego. Queremos investir pesadamente nisso.

Marcos Nunes Carreiro – Quantas em­presas deverão ser instaladas no local?

De início, 230 empresas, mas depende do porte. Algumas empresas maiores poderão ocupar mais espaço, o que limitará o número. Mas, de início, é essa a previsão que temos.

Marcos Nunes Carreiro – Qual a ex­pectativa de geração de empregos?

De 10 a 15 mil empregos.

Elder Dias – A Rodovia GO-080 é como se fosse a principal avenida de Nerópolis. É como se fosse a principal avenida da cidade. Como ela foi duplicada, dentro da área central houve um estreitamento, o que complica o trânsito e gera acidentes. E a solução do anel viário não seria algo para curto prazo. Como o sr. pretende tratar da questão?

Na nossa primeira gestão, tínhamos um problema mais sério. A GO-080, quando chega à cidade, se torna a Avenida JK e atravessá-la nos horários de pico era algo quase impossível. Chegamos a ter um acidente fatal por semana. Foi quando fomos à AGETOP e requeremos o semáforo. Foi uma briga grande, tivemos de ir até o Ministério Público, porque, mesmo sendo a Prefeitura a custear todas as despesas, havia uma resistência muito grande da AGETOP. Até que um jovem de 16 anos morreu e, após muita briga, conseguimos a liberação e fizemos três semáforos. Isso foi em 2010 e, a partir daí, a situação foi amenizada e, tirando casos de embriaguez ao volante, não tivemos mais casos fatais.

Elder Dias – O sr. pensa em construir uma passarela sobre a região central, na Avenida JK?

Acho importante e temos de tomar providências nesse sentido. Temos uma passarela, que fica na entrada da cidade, próxima ao cemitério. Mas a cidade está crescendo e, quando crescer para o lado direito de quem entra, teremos um problema maior. Então, já estamos preparando projetos nes­se sentido. Da mesma forma, ou­tra obra importante será canalizar o Córrego Seco, que atravessa Ne­ró­polis. Vamos canalizá-lo e construir uma avenida por baixo, assim como foi feito na Marginal Bota­fogo, o que irá aliviar o trânsito.

Elder Dias – Um dos aspectos que aumenta a violência nas cidades é o problema das drogas. Como está a situação em Nerópolis? Há previsão de construção de algum equipamento público para isso, como o Credeq ou obra da prefeitura?

É mais um compromisso com a população resolver esse problema. Os furtos em Nerópolis têm mais derivação das drogas, da doença química. E vamos construir um centro de reabilitação na cidade. Já falei com alguns deputados na busca de emendas para isso. Queremos desapropriar dois alqueires para fazer um grande centro de reabilitação com prática de esportes, onde os jovens vão aprender uma profissão, além de ter o tratamento com acompanhamento de psiquiatra, psicólogo, nutricionista e religioso, que também é muito importante.

Não queremos fazer uma coisa para botar meia dúzia não. É para colocar todos os jovens que tiverem o problema em Neró­polis. Nós queremos internar e tratar esses jovens e tirar as crianças e levar para o centro de treinamento. Não temos espaço para escola de tempo integral. Vamos fazer um centro de treinamento onde os jovens e as crianças no período da tarde vão todos para lá praticar algum tipo de esporte.

“Vou construir um centro esportivo para os jovens”

Elder Dias – Como funcionaria? Elas sairiam da escola que frequentam e iriam todas para esse centro de treinamento?

Sim. Nós vamos fazer um grande centro de treinamento. Esse negócio de escola de tempo integral é a maior enganação. As escolas não foram preparadas para isso. Nossas escolas não tem condição nenhuma de ser de tempo integral. Vamos ter que buscar outra alternativa. E a alternativa é essa.

Elder Dias – Mesmo as escolas estaduais não têm essa estrutura?

Não têm essa capacidade.

Elder Dias – Quais seriam as atividades desenvolvidas nesse centro de treinamento?

Todas as modalidades esportivas: natação, atletismo, vôlei, basquete, futebol, tênis, aula de música, dança, teatro. Todo tipo e todas as modalidades. Nós tínhamos lá na minha época o Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) que já fazia isso, com aula de música, artes marciais, balé. A gente pegava as crianças e levava para o Peti, onde elas tinham todo esse acompanhamento e não ficavam na rua.

Elder Dias – Já teria um local para esse centro?

Não. Nós temos que formar tudo isso. O Peti foi desativado nessa gestão.

Elder Dias – Há problema em Nerópolis de falta de vagas em creches?

É um problema enfrentado em todos os lugares. Temos um CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) já construído e outro em andamento, que é o que está parado, temos mais três creches. Uma é de uma empresa, outro é o padre que faz um trabalho filantrópico. São duas unidades filantrópicas e duas do município.

Marcos Nunes Carreiro – O centro de reabilitação de dependentes químicos será feito só com verba municipal? Há a intenção de fazer parceria com o Estado, por exemplo, que já tem o modelo do Credeq?

Procuro fazer as coisas com o que a gente tem para fazer. Se a gente fica esperando demais, acaba não acontecendo. Eu tomo a iniciativa e vamos fazer. Estou buscando emendas junto aos nossos deputados federais, que normalmente têm interesse em enviar verba na área da saúde porque hoje é obrigado a botar 50% das emendas em saúde. Se não for através de emenda, nós vamos fazer com recursos próprios do município.

Marcos Nunes Carreiro – O sr. chegou a falar com algum dos deputados?

Já falei com o João Campos (PRB) inclusive, que é o presidente do meu partido. Falamos com o Vecci (PSDB), o Thiago Peixoto (PSD) também, que está imbuído em nos ajudar.

Elder Dias – Existe uma solução paliativa para esse problema? A alternativa à escola integral precisa de uma estrutura boa para a educação física. Essa ideia do Credeq comporta alguma solução alternativa ou mais criativa?

Acredito que o Credeq satisfaz muito em alguns municípios, mas não atende a toda a população. Nossa questão é criar um mecanismo que atenda a toda população. O tratamento não é só para o jovem que está na droga, mas para a família, que também adoece. Temos que levar o tratamento psicológico até as famílias. Não adianta tirarmos meia dúzia das ruas, porque quando ele voltar irá para o mesmo esquema. Tratamos todo mundo ou não adianta tratar.

Queremos achar uma forma de resolver o problema definitivamente. Eu sempre acredito no preventivo. Na hora que se detecta qual é o problema você tem que resolvê-lo. E o preventivo é o que nós fazer é levar essas crianças para o centro esportivo para que elas não entrem nas drogas. E a solução é o que nós detectamos, que são aqueles que estão contaminados pelas drogas e nós temos que tirar das drogas.
Nós temos que levar e fazer o tratamento. É essa a solução.

Cezar Santos – Na campanha, o sr. falou em capacitar a geração de 10 mil empregos. Como isso será feito?

Através principalmente do polo industrial, que nós temos que abrir. Estamos contatando algumas empresas que nós vamos colocar. E temos outra alternativa que é incrementar o comércio local, fazermos uma política de crescimento econômico da cidade. O comércio hoje gera muito emprego. Ao passar pela avenida principal de Nerópolis você vê aquela quantidade de lojas que estão fechadas. Temos que voltar a gerar emprego no comércio também.

Já temos uma política para isso. Vamos lançar a nota fiscal premiada municipal. Vamos fazer também um departamento no qual todas as empresas contem com contador gratuito para legalizarem sua situação, tanto para legalizar como para continuar fazendo a contabilidade. Um pequeno comércio hoje dificilmente vai legalizar a situação dele porque não dá conta de pagar um contador.

Não tem nem conhecimento de como vai organizar isso. Temos que acabar com a informalidade em Nerópolis e trazer esse pessoal para contribuir e ser também realmente remunerado por isso. A partir de quando lançarmos a nota fiscal premiada, vamos dar condição de que todos os cidadãos neropolinos comprem na cidade. E até das cidades vizinhas passem a usufruir desses prêmios que são para quem compra e adquire a nota fiscal.

Cezar Santos – Qual é alíquota do ISS de Nerópolis?

O nosso ISS hoje tem alíquota 5%. Na nossa cidade, dependendo do serviço ela é 5% e dependendo do serviço é 2%. Acredito que esse negócio de 2% tem que acabar, tem que ser tudo 5%.

Elder Dias – A prefeitura aposta também no crescimento da produção agrícola para superar esse cenário de crise? Existe algum projeto dentro do plano de governo do sr. para esse setor?

Existe. Lá nós temos a agricultura familiar. São pequenas propriedades hortifrutigranjeira. E estamos com um projeto para incentivar esses produtores que hoje são uma grande fonte de abastecimento do Ceasa (Centrais de Abastecimento do Estado de Goiás S/A). Nerópolis, Ouro Verde e Goia­nápolis que praticamente abastecem o Ceasa.

Elder Dias – Qual é produção de alimentos e quais são esses alimentos produzidos em Nerópolis, como é o caso do alho?

Verduras em geral. Nerópolis é um dos grandes municípios que participa do abastecimento do Ceasa. Pode ter certeza que são toneladas de verduras que saem de lá todos os dias.

Elder Dias – Goianápolis tem o tomate como tradicional.

Em Nerópolis temos couve, abóbora, alface, repolho, hortaliças em geral. Além do milho.

Elder Dias – Existe algum problema em relação ao cemitério, quanto à condição sanitária ou geologia do terreno, ou a questão está pacificada?

Não, quanto a essa questão está tudo normal. Quanto à contaminação do lago, que chegaram a falar, análises não constaram problema algum. O problema do cemitério é que ele está superlotado. E as casas de baixo são áreas do cemitério que foram invadidas por residências e isso resultou em um problema seríssimo, pois não têm ruas, não tem como chegar e as casas são até invadidas por insetos. Nós temos como alternativa desapropriar 50 residências e construí-las em outro lugar para expandir o cemitério, ou até construir um novo, pois somos uma cidade que pensa no crescimento, tanto econômico e comercial. O que queremos é que ninguém morra, pelo contrário, que sobrevivam muito (risos). Mas o cemitério é uma necessidade. E é preciso construir cemitérios modernos, com gavetas, como o Jardim das Palmeiras [cemitério de Goiânia]. As covas já se foram. Hoje, lá no cemitério, vemos até “prédios”, construções para cima, o que é totalmente fora da normalidade e deveria até ser proibido. É um tipo de “criatividade”, mas criatividade de fato tem de vir no projeto do cemitério. E só um cemitério novo resolve o problema.

Cezar Santos – A crise está instalada. Os prefeitos reclamam da queda do FPM [Fundo de Participação dos Municípios] e os Estados do mesmo acontecer com o FPE [Fundo de Participação dos Estados]. O que tudo indica, a situação econômica não será fácil para os novos prefeitos. Como o sr. vê esta questão do pacto federativo?

Quando assumimos a prefeitura em 2009, também enfrentamos uma crise que era mundial. E eu acredito nas alternativas que temos. A primeira é resolver administrativamente, com a capacidade do município; nós temos de enxugar a máquina, trabalhar com o que temos e buscar fazer com que ele seja independente, que ele não dependa só do FPM; precisamos de renda própria. É o que desde a gestão anterior, nós trabalhamos. Fomos gerando emprego, o que é uma fonte de arrecadação muito grande, pois você resolve problemas da saúde, da segurança e do crescimento econômico — trabalhando, as pessoas têm plano de saúde, compram no comércio local, geram emprego e o crescimento do município. Portanto, não vejo a crise como um problema para nós; acho até uma maneira de criarmos mais, de termos criatividade para isso e, assim, buscar nossa independência.

Elder Dias – Qual é a arrecadação mensal de Nerópolis?

Hoje, ela está em cerca de R$ 6,5 milhões mensais.

Elder Dias – Em relação ao que existia, houve crescimento? E o sr. acredita que se deva a quê, se houve?

Sim, cresceu em torno de 50%. É devido à normalidade pelo que já deixamos implantado, pois trabalhamos muito na questão de ISSQN [Im­posto Sobre Serviços de Qualquer Natureza] e coisas do tipo, o que vem dando resultado ao longo do tempo.

Marcos Nunes Carreiro – E o recadastramento imobiliário?

Isso também vai trazendo resultado e disso vem o crescimento. E nós voltaremos com esse trabalho.

Marcos Nunes Carreiro – E quanto às despesas?

É um grande problema que te­mos, pois foi feito um plano de cargos e salários inadequado e eleitoreiro, simplesmente para angariar votos e que não foi estudado. E ele onerou a folha de pagamento, de julho para cá, em R$ 1 milhão. Isso não pode acontecer e teremos de trabalhar essa questão, reunir o pessoal, pois a partir de março, praticamente, a folha da prefeitura fica impagável da forma que está. São concursos públicos feitos inadequadamente — em outubro mesmo, houve um concurso assim, em que muitos diziam ter passado antes mesmo de tê-lo feito e saíram dois resultados, sendo que o primeiro foi anulado. Questões como essa são as que teremos de atravessar; mas elas são mais pontuais, sobre o funcionalismo público.

Já sobre a despesa, nós a cortaremos, pois o prefeito é obrigado a fazer um decreto, demitindo todos os funcionários comissionados e desfazendo do que não se deu conta de cumprir. Teremos de cancelar e entraremos com uma dívida grande, da qual tenho certeza, já que temos uma visão de que eles (da administração atual) não darão conta de cumprir os compromissos; no setor da saúde, mesmo, tem uma quantia que teremos de ressarcir. Mas espero que estejamos enganados, que o prefeito atual dê sim conta de cumprir, pois do contrário teremos de ressarcir com tudo, uma dívida que o município terá de arcar com ela.

Marcos Nunes Carreiro – Tem ideia de quanto é essa dívida?

De R$ 2 milhões a R$ 2,5 mi­lhões. Pode ser isso, mas também pode ser nada. Quem sabe?

Cezar Santos – A transição está sendo tranquila?

Sim, nós começamos a transição, já com alguns documentos que fo­ram repassados e outros que foram requeridos. Nós veremos qual a real situação da prefeitura, pois a maior parte do que falamos é do que ouvimos, e nem podemos afirmar se a realidade é essa ou não.

Marcos Nunes Carreiro – Como está a formação do secretariado do sr.? O futuro vice-prefeito [Dr. Luiz] é médico, então o sr. pretende colocá-lo como secretário de Saúde? Existe alguma conversa nesse sentido?

Na minha gestão de 2009, meu vice [Doutor Gaspar] também era médico; e eu costumava dizer que tínhamos dois prefeitos. E será o mesmo com o Dr. Luiz agora. Nós seremos dois prefeitos e atuaremos como dois prefeitos. Queremos dar uma guinada no município e duas cabeças pensam mais que uma. Trabalharemos, então, conjuntamente. Acho que não seria importante ele assumir diretamente como secretário de Saúde, mas sim nos auxiliar no contexto geral. A saúde é, sim, uma área muito complexa, mas sua capacidade vai além disso. Ele atuará na área de saúde, certamente, dando suporte ao secretário ou secretária, e também em contexto geral.

Marcos Nunes Carreiro – O sr. já tem alguém em vista, em relação ao demais secretários?

Já temos, hoje, relacionados alguns companheiros. São pessoas que conhecemos, das quais sabemos a capacidade técnica, não política. Estamos escolhendo um secretariado bastante técnico e temos encaminhados alguns.

Elder Dias – Nisso entra em questão a reforma administrativa?

Sim, vamos fazer uma reforma administrativa. Chegamos a trabalhar com 18 secretarias e queremos ter apenas 9.

Elder Dias – Quanto ao secretariado, muitas vezes se reduz o número de secretários, mas a estrutura é absorvida quase que totalmente; portanto, o custo se reduz muito pouco; e existe ainda a economia que se pode fazer em cada pasta da prefeitura. Vi um vídeo em que o prefeito de Bom Jesus da Lapa (BA), Eures Ribeiro (PSD), onde ele fala que o prefeito deve governar com “mão de ferro”, no sentido de ter o controle de cada parafuso que seja adquirido pela administração, já que a corrupção é algo que acontece em todos os níveis, do secretário até o faxineiro. O Brasil está passando por uma mudança, em que o “roubar e fazer” não tem sido mais aceito da mesma forma. Como o sr. vê a questão desse controle? Acredita que é preciso mesmo ter uma rigidez maior a partir da pessoa do prefeito?

Em minha primeira gestão, já foi dessa forma. E, muitas vezes, não temos o apoio do funcionalismo público. Na gestão de 2009 a 2012, chegamos a monitorar os veículos, marcar pneus – já que existia desvio de pneus, assim como de petróleo e de peças. Quando entramos na prefeitura, chegavam pessoas com notinhas para pagar e o dono da autopeça levava 30% e só emitia notas. Eu cortei tudo isso. E, do descaso que existia, com a verba que economizamos compramos sete ônibus zero e construímos uma escola que está para terminar, feita com recurso próprio e é a maior escola de Nerópolis e uma das maiores do Estado, com dezenas de salas de aula, mais auditório e tudo o mais. É uma escola imensa feita apenas com a economia na área de transporte. Tudo que saía na prefeitura tinha de ter minha assinatura, eu só pagava o que eu assinasse; e, se chegasse uma nota fiscal sem autorização minha, pagava quem a tinha autorizado. Minha administração foi muito rígida e diziam que eu centralizava muito. É que acham que a coisa pública é para ser desviada, mas não é; o dinheiro público é para ser administrado. Nós administramos bem e, por isso, fizemos muita coisa com verba própria do município: trocamos toda a iluminação pública de Nerópolis; desapropriamos a área e fizemos o lago; fizemos 250 mil metros quadrados de asfalto; compramos sete ônibus e trocamos toda a frota de veículos da prefeitura, de 16 carros; compramos duas ambulâncias, dois caminhões limpa-fossa; e implantamos internet pública em toda a cidade. Tudo com verba do próprio município.

Cezar Santos – Esse um serviço de internet pública permanece?

Não teve continuidade, pois pessoas que apoiam o atual prefeito são donas de empresas que controlam a internet na cidade. Mas agora isso vai voltar. Compramos câmeras para fazer o monitoramento, também com verba própria do município. É uma questão de gestão. Além do que já falei, nós fizemos muitas outras coisas com essa verba própria: reformamos a prefeitura e trocamos todo o mobiliário; revitalizamos e modernizamos a Matinha, um bosque de lazer aberto à comunidade, onde as pessoas fazem caminhada; a infraestrutura das 690 casas que construímos; a troca de mais de 200 computadores da administração municipal; mais de mil cirurgias, entre elas grande parte de catarata. Quando se quer fazer, se faz.

Elder Dias – O sr. tem a intenção de implementar mais parques na cidade?

Sim, é uma prioridade. Vamos fazer um trabalho de revitalizar as atuais praças e criar outras novas. Outra questão é implantar muitas academias ao ar livre. Um projeto interessante é concluir o Rosa dos Ventos, um parque ecológico maravilhoso e para o qual deixamos verba – que, a meu ver, foi mal aplicada e teremos de refazer.

Elder Dias – O sr. chegou a falar sobre a canalização do chamado Córrego Seco. E realmente isso está acontecendo: a água está sumindo e os cursos d’água estão ficando secos de fato. Como está a questão da água e do saneamento em Nerópolis?

Em nossa gestão anterior, fizemos uma parceria muito boa com a Saneago. Furamos vários poços e temos, inclusive, um poço jorrante que, se interligado com as caixas de abastecimento, vai acabar com o problema de água em Nerópolis. Isso só não ocorreu porque há um problema burocrático, se não me engano uma desapropriação que o município tem de fazer ainda. Em nossa nova gestão, pode ter certeza de que vamos sanar esse problema.

Elder Dias – Mas existe falta d’água no município?

Existe falta d’água, sim, e grave. Além desse problema, tem ainda o fato de haver um crescimento com loteamentos desordenados. Construíram mais de mil casas, mas não procuraram, antes disso, resolver o problema do abastecimento.

Marcos Nunes Carreiro – O abastecimento de água não é universalizado na cidade?

É, mas grande parte de Nerópolis – por exemplo, nos setores Sul e Alto da Boa Vista – não têm água. Esses são loteamentos particulares que não fizeram a infraestrutura e, na época, não se exigia isso. Hoje temos também um problema no bairro Nova Cidade, onde não se conseguiu achar água, também problema do loteador, que está sendo acionado pelo Ministério Público e, com certeza, terá de resolver o problema. Na parte alta de Nerópolis, constantemente falta água, às vezes até por três dias, embora tenha um poço que é jorrante, furado em parceria com a Saneago. Lá está jorrando água há cinco anos. Temos totais condições de resolver o problema de água da cidade toda, basta interligar e temos condições para isso.

Marcos Nunes Carreiro – E a rede de esgoto, também está universalizada?

Não temos um palmo de esgoto. Começou do lado errado, porque vejo que seria necessário começar pela estação de tratamento (ETE) e depois fazer a tubulação. Mas lá estamos fazendo tudo invertido, em Nerópolis primeiro enterrando os canos. É um grande problema, até porque a obra está paralisada. A informação que temos é de que a empresa que ganhou a licitação parece que não vai dar conta de terminar e falam em passar o serviço para a segunda colocada, mas acho que não é o caso. Penso que terá de ser feita uma nova avaliação e estamos em contato com a Saneago para tentar resolver o problema, fazendo um levantamento sobre a situação. Estamos também adiantando uma conversa com a Funasa [Fundação Nacional de Saúde] para, em último caso, procurar resolver por essa via, que também pode fazer alocação de recursos, há verba para isso.

Elder Dias – Não há projeto para construção da ETE? Não há verba destinada para isso?

Segundo informações que eu pude obter quando da inauguração da unidade do Vapt Vupt, com o próprio governador, ele nos falou que já investiu de R$ 18 milhões na estação de tratamento, verba investida nesses canos, que já foram praticamente todos enterrados. O valor total da verba é de R$ 27 milhões, embora eu ache que deveriam ter começado a construção a partir da ETE. De qualquer forma, quero confirmar esses números e, por isso, pedi esse levantamento à Saneago.

Cezar Santos – Pensando já em 2018, o sr. acha que o vice-governador José Eliton (PSDB) vai conseguir unir a base aliada em torno de seu nome para a disputa da sucessão estadual?

Eu vejo, sim. José Eliton é um grande homem e tem uma capacidade administrativa muito grande, o que já provou. É o perfil que os cidadãos estão querendo hoje, mais administrativo, uma pessoa arrojada, com conhecimento e seriedade mui­to grande. Ele tem muita propriedade no que fala e vejo uma grande possibilidade de ele ser o sucessor de nosso governador. É uma alternativa interessante para a base aliada, embora haja outros nomes e talvez a gente não deva adiantar o processo. Mas, no caminho que estamos trilhando, vejo José Eliton é uma pessoa muito capacitada.

Cezar Santos – E sobre o deputado Jovair Arantes (PTB), o sr. acharia um bom nome para o Senado?

Um grande homem e meu amigo. Já fui prefeito de Nerópolis por seu partido, o PTB. Jovair tem muita capacidade para ser senador. Aliás, para o Senado o que mais temos são bons nomes. O deputado João Campos (PRB), de meu partido, também já teve seu nome lançado para essa disputa por muita gente, pelo fato de a bancada evangélica ser muito grande e corresponder a mais de 30% da população, o que lhe dá muita chance.

Há ainda outros grandes nomes na base, com capacidade total, como Wilder Morais (PP), que pode concorrer a uma reeleição. O próprio governador Marconi, se não emplacar uma candidatura em nível nacional, com certeza será novamente senador. Enfim, temos grandes nomes para o Senado, todos com reais condições e capacidade para representar bem o Estado.

Marcos Nunes Carreiro – É muito nome para pouca vaga?

(risos) Certamente. A maior concorrência será para definir quais são os nomes.

Elder Dias – O nome de Jovair também está bastante cotado para substituir o de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Presidência da Câmara dos Deputados. Apesar de Goiás ser considerado um Estado periférico, ele, pela posição que ocupa hoje no Congresso, está longe de ser alguém periférico. Ele já conversou com o sr. a respeito disso?

Não tivemos uma conversa sobre esse tema. De qualquer forma, pelo que acompanhamos da política e do próprio trabalho de Jovair, sabemos que ele é uma pessoa altamente respeitada, um líder de bancada e alguém muitíssimo respeitado na Câmara. Não por acaso foi o relator do processo de aprovação do pedido de abertura de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), ocasião em que mostrou pulso e fez aquilo que a população esperava dele. Creio que ele tem grandes chances de chegar lá e que seria um ótimo presidente para a Casa.

Elder Dias – O presidente Michel Temer (PMDB) já disse que vai encampar a reforma da Previdência e vemos que parte da população acha que é mesmo necessário que o País passe por isso. Entretanto, o trabalhador vai ter de cumprir mais alguns anos de serviço até ter direito a se aposentar e o próprio presidente e alguns de seus principais assessores se aposentaram com 55 anos ou menos. Como o sr. vê essa situação? Não é uma contradição? Se fosse o sr. no lugar do presidente, abriria mão do benefício para dar exemplo?

É algo que pode ser legal, mas é imoral. Os direitos dos cidadãos devem ser todos iguais. Então, se a pessoa comum tem certo tempo para a aposentadoria, todos os demais têm de ter o mesmo. A lei foi feita igual para todos, então a mesma lei que serve para o lavrador, o faxineiro, o gari, tem de servir para o político, para o Poder Judiciário, para todos. Somos todos seres humanos e precisamos ser tratados de forma igualitária, com os mesmos direitos e os mesmos deveres.

Elder Dias – Quem têm mais regalias hoje, os políticos ou os homens do Judiciário?

Para falar a verdade, sempre digo que o Judiciário acompanha aquilo que o Legislativo faz. As leis são feitas pelo Poder Legislativo. Então, normalmente as regalias maiores estão com quem faz as leis.

 

Fonte: Jornal Opção